
Jesus demonstrou através das escrituras a importância do discipulado. Ele investia tempo nas pessoas e acreditava no potencial que Deus havia colocado nelas. Se temos Jesus como nosso maior modelo, então temos que aprender a discipular.
O discipulado vai além de uma conversa esporádica, ele abrange um conjunto de fatores que implicam em convivência, relacionamento, investir nas pessoas uma a uma, orar juntos, estudarem juntos a palavra, congregar juntos, etc.
A igreja tem aprendido a importância do discipulado muitas vezes a duras penas. Muitos já se afastaram e deixaram de queimar por falta de discipulado, já que ir à igreja uma ou duas vezes na semana sem ter um acompanhamento efetivo para que haja comunhão, aprendizado e a orientação a um novo estilo de vida não produz crescimento efetivo.
Quando entreguei minha vida a Jesus fui bem discipulado, e grande parte dos frutos que tenho colhido hoje, quase dez anos depois, são resultados desses momentos.
Baseado nos discipulados que tive e ainda tenho com meu discipulador, e nos que faço com meus liderados, chego à conclusão que, para que um discipulado seja eficaz, ele deve conter alguns elementos fundamentais:
1 – Confiança
O liderado tem que ter confiança no líder para que tenha liberdade para compartilhar dificuldades, lutas e áreas de fraqueza. Essa confiança não pode ser imposta pelo líder, mas ela é conquistada.
Sempre costumo dizer que liderança não se impõe, mas ela se conquista. Não que para um liderado se submeter ao seu líder este tenha que conquistá-lo primeiro, pois o princípio da honra nós já “contraímos” quando estamos debaixo de uma liderança, mas muitos líderes querem obrigar os liderados a confessarem pecados, fraquezas etc., sem que antes ele tenha conquistado a confiança desse liderado com suas atitudes, amor e dedicação sincera ao Reino de Deus. Uma das coisas que firmam nossa autoridade é o cumprimento das nossas responsabilidades. Se como líderes não cumprirmos nossas responsabilidades, dificilmente iremos conquistar a confiança dos nossos liderados.
Lembro-me de uma grande experiência que tive a esse respeito. Quando ainda era líder de célula, chegou à minha célula um rapaz que tinha grandes dificuldades com confissão no discipulado, pois havia tido uma grande desilusão com uma antiga liderança a esse respeito. A minha atitude com relação àquele rapaz não foi de coagi-lo a conversar, abrir sua vida, contar-me dificuldades e áreas de fraqueza, pois eu sabia que se fizesse isso os efeitos não iam ser nada satisfatórios. Então, fui aos poucos conquistando a confiança dele, mostrando que estava disposto a ajudá-lo, que seus problemas, dificuldades e fraquezas não iam ser expostos. Isso foi acontecendo não somente com palavras, mas com atitudes que o faziam ver que isso acontecia verdadeiramente dentro da minha célula. Os resultados foram surpreendentes! Quando menos esperava, aquele rapaz já conseguia compartilhar dificuldades, fraquezas, áreas de luta etc. O resultado foi que o discipulado com ele se tornou algo natural e vi grandemente o crescimento na vida daquele rapaz, que até hoje expõe frutos disso.
2 – Transparência
É fundamental que haja transparência, já que ela vai fundamentar e direcionar todo o processo do discipulado. Se eu for a uma consulta médica e ocultar sintomas que têm acometido o meu corpo, dificilmente esse médico irá conseguir diagnosticar o problema. Um discipulador precisa ser guiado pelo Espírito Santo para ter direcionamento naquilo que for necessário para que o liderado possa romper nas áreas que tem dificuldade. Isso é facilitado grandemente quando há transparência. Lembrando que esse fator está intimamente ligado ao ponto anterior (confiança);
3 – Prevalência da palavra de Deus
Todas as direções dadas a um liderado dentro de um discipulado precisam ter base bíblica. A palavra de Deus é que muda as pessoas, porém, muitos líderes dão orientações aos liderados que em nada tem haver com ensinamentos e princípios bíblicos.
Qualquer conselho ou orientação, caso sejam feitos sem a base principal que é a palavra de Deus, tornam o discipulado algo mais aproximado a uma consulta com um psicólogo. Para que isso não ocorra, é de extrema importância que o líder seja alguém que realmente estude a palavra de Deus e seja hábil em manejar as escrituras, pois será muito mais fácil dele ter a direção correta dentro do discipulado.
4 – Não é uma receita de bolo
Um líder tem que ter em mente que seu discipulado não é uma receita de bolo, onde todos os liderados que vêm até ele vão receber as mesmas instruções, as mesmas orientações, os mesmos conselhos, as mesmas cobranças, e vai funcionar bem para todos. Sempre costumo dizer que cada discípulo requer naturalmente um nível de discipulado. Como líderes temos que ter discernimento para saber o que fazer, como proceder, o que falar, de que forma falar com cada liderado. Cada um tem um problema, uma área de fraqueza, uma forma de lidar com determinadas situações, então, eu como líder não vou falar as mesmas coisas, dar as mesmas orientações, usar a mesma medida para todos, pois nem sempre vai funcionar.
5 – Não pode haver paternalismo
O líder paternalista é aquele que é superprotetor, que não confronta um liderado quando este tem que ser confrontado. Esse é um problema que gera liderados doentes, fragilizados e dependentes.
O padrão de Deus para um bom discipulador é o da paternidade. A bíblia diz que o pai corrige o filho que ama. Então, o líder que não tem paternalismo, mas tem paternidade, vai amar e cuidar, mas também vai exortar e disciplinar quando necessário.
Em suma, para que ocorra um bom discipulado o líder tem que ter a mesma disposição que havia no coração de Jesus: AMAR PESSOAS. Sem amor não existe a possibilidade de ter um discipulado eficaz e que realmente conduza as pessoas ao centro da vontade de Deus.
Por: Frank Diniz